É muito provável que você conviva ou até mesmo seja um deles, mesmo que não saiba disso. Compondo aproximadamente 3% da população mundial e presentes em centenas de filmes e livros, eles causam tanto fascínio quanto sofrimento. Por muito tempo os termos psicopata e sociopata foram utilizados para descrever a mesma patologia e, em alguns casos, até como uma mera ofensa.
Entretanto, esses dois temos correspondem a quadros clínicos que embora semelhantes, possuem diferenças entre si. É importante que saibamos diferenciar os dois casos, tanto para nossa própria proteção quanto para a daqueles à nossa volta. Mas antes de mencionar as diferenças entre um psicopata e um sociopata, falemos de suas semelhanças.
Ambos os termos são classificados pelo Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM) como Transtorno de Personalidade Antissocial, cujas principais características são a ausência de empatia, personalidade carismática, desrespeito pelas normas e padrões sociais, facilidade para a mentira e a simulação, comportamento manipulador, falta de remorso, em alguns casos comportamento compulsivo, inteligência acima da média, conduta transgressora e indiferente quanto às normas sociais, apreciação pelas drogas, vício em adrenalina e tendência violenta.
Com tantas similaridades é compreensível que seja difícil distinguir esses dois fenômenos, mas não impossível. Confira:
Como identificar um sociopata?
Em termos técnicos, a sociopatia pode ser considerada um transtorno de personalidade (um dos vários tipos de transtornos mentais de personalidade) menos grave que a psicopatia. Enquanto o psicopata já nasce com essa condição, acredita-se que o sociopata seja moldado por fatores sociais, ou seja, ele se transforma em um monstro devido a maus tratos durante a infância e a juventude.
Diferentemente da psicopatia, que pode ser identificada durante a infância, o sociopatia só pode ser diagnosticada após os 18 anos de idade, sendo que seus sintomas começam a se manifestar a partir dos 15 anos.
A incapacidade do sociopata de controlar sua raiva o torna muito mais propenso a cometer atos de violência, seja verbal ou física. Isso faz com que ele seja mais indiscreto que o psicopata. Também possui um comportamento muito mais inconsequente, o que acaba muitas vezes, levando-o a ser preso. Um de seus traços mais marcantes é o desprezo pela própria segurança e pela segurança dos que estão ao seu lado.
Ao contrário do psicopata, o sociopata costuma desenvolver sentimentos por seus familiares e amigos de longa data. Em seus relacionamentos, costuma ser extremamente ciumento e abusivo. Também é curioso notar que ele consegue ser leal às pessoas e princípios, porém de uma maneira extrema, chegando ao ponto até mesmo de matar em nome de alguém ou em nome de uma causa.
O comportamento rebelde e imaturo do sociopata não o impele a sentir atração por cargos de poder ou grande responsabilidade. Quando recorre ao crime, geralmente é um assaltante, sequestrador ou terrorista. A maioria dos assassinos em série é classificada como sociopata.
Exemplos de sociopatas no cinema
Gaston
Gaston é o sociopata típico. Egoísta, insensível, possessivo, manipulador, violento e irresponsável.
Gaston é adequadamente caracterizado como um caçador inescrupuloso, capaz de recorrer a qualquer método necessário para atingir seus objetivos.
Bill, o Açougueiro
O vilão do filme Gangues de Nova York é um claro caso de sociopatia.
Amante da violência, Bill é capaz de sentir um grande apego aqueles de quem gosta ao mesmo tempo em que trata aqueles que não lhe são úteis como um mero pedaço de carne.
Considerando-se um homem de princípios e um patriota, ele ostentando um visual tão bizarro quanto o seu estilo de vida.
Sherlock Holmes
Mesmo não sendo um vilão, o lendário detetive da Rua Baker recorre à mentira, à manipulação e à transgressão para atingir seus objetivos.
Em determinado momento, Holmes define a si próprio como um “sociopata plenamente funcional.”
Como identificar um Psicopata?
Malignos, monstros e pessoas tóxicas são alguns dos nomes pelos quais os psicopatas são conhecidos. Sua atitude cruel decorre de uma má formação no córtex pré-frontal, região do cérebro responsável pelos sentimentos de empatia e culpa. Essa deformidade cerebral torna a psicopatia um mal incurável, diferentemente da sociopatia, que pode ser atenuada com o tempo.
O psicopata destaca-se no meio social por ser extremamente carismático, sedutor e egocêntrico. Para se sentir melhor, ele costuma diminuir e ridicularizar as pessoas próximas a ele. Psicopatas têm a necessidade de ser o centro das atenções a todo o momento, por isso não é difícil vê-los fazendo discursos eloquentes, até mesmo sobre assuntos sobre os quais nada sabem.
A crença em sua própria superioridade é tão avassaladora, que eles acreditam que nunca são pego em suas transgressões. É nesse momento que cometem erros e são apanhados.
Outro traço marcante da psicopatia é o desejo desmedido de alcançar altos cargos e posições sociais, mesmo que estes estejam muito acima de suas capacidades e méritos. Movido por esse desejo, o psicopata se dá muito bem em ambientes profissionais e não demora para alcançar cargos de chefia.
Acontece que, sua natureza transgressora e o desprezo pela inteligência alheia acabam por prejudicá-lo em sua carreira. É raro um psicopata permanecer muito tempo trabalhando no mesmo lugar.
Dr Hannibal Lecter – O Silêncio dos Inocentes (1991)
No ambiente escolar, o psicopata geralmente é aquela criança manipuladora e carismática, não raras as vezes, praticante de bullying. Entretanto, sua inteligência acima da média o permite tirar boas notas na maioria dos casos.
Ao contrário do sociopata, o psicopata consegue se passar por uma pessoa comum e até muito educada. Entretanto, por mais que tente camuflar sua verdadeira natureza, o psicopata é suscetível a explosões repentinas de raiva. Cuidado com a fúria de um deles.
Em um experimento realizado com presidiários psicopatas, constatou-se que a área do cérebro ativada ao presenciar uma cena comovente é a que corresponde à linguagem. Ou seja, eles são capazes de interpretar sentimentos verdadeiros e despertá-los em pessoas normais. Uma curiosidade: devido à mesma má formação cerebral, os psicopatas não têm bom olfato.
O psicopata é totalmente desprovido de arrependimento, empatia ou sentimentos morais, incapaz de desenvolver verdadeiros sentimentos de amor ou amizade por qualquer pessoa. Quando pede desculpas é meramente uma encenação, produzida para tirar algum proveito.
É devido a essa incapacidade de sentir empatia que o psicopata consegue matar, ferir e trapacear com tamanha facilidade. Em uma situação de estresse ou perigo, ele consegue manter a calma.
Exemplos de psicopatas no cinema
Frank Abagnale Jr
Esse personagem real ficou famoso ao ser interpretado por Leo DiCaprio no filme Prenda-me Se For Capaz.
Frank é um vigarista e um mentiroso incurável. Seus crimes incluem se passar por piloto de avião, médico, advogado e agente do FBI.
Frank não sente o menor constrangimento em mentir para quem quer que seja, iludindo até mesmo a rica moça com quem se casaria. Seu estilo de vida caro era bancado com falsificações bancárias.
Fitzgerald
Um dos melhores psicopatas do cinema, o vilão de O Regresso desperta nojo e pavor.
Fitzgerald é um caçador inescrupuloso que coloca seus interesses sempre em primeiro lugar. Adotando uma falsa máscara cristã, ele é capaz de mentir, roubar, chantagear e matar sem o menor remorso ou hesitação.
Scar
É claro que ele não poderia ficar de fora dessa lista.
Scar se enquadra em todos os quesitos de um psicopata. Seu desejo desmedido de elevar-se ao posto de rei, mesmo não sendo apto para isso, leva-o à mentira, traição e assassinatos dentro de sua própria família. Como todo psicopata, Scar é um dissimulado covarde, capaz de grande fúria e grande violência.
Conclusão
Para concluir, vale lembrar que 99% dos psicopatas e sociopatas não recorrem ao assassinato, limitando-se a pequenas trapaças e transgressões e levando uma vida razoavelmente normal aos olhos da sociedade.
Tem um vídeo bem legal do Canal Fatos.
O Escorpião e a Rã
Se você convive com uma pessoa dessas no trabalho, no ambiente escolar ou até mesmo na família, tome cuidado. Você pode ser o próximo alvo. Para que se lembre sempre disso, guarde a pequena fábula a seguir:
Um escorpião pediu para uma rã ajudá-lo a atravessar o rio, pois não sabia nadar.
A rã negou-se, pois tinha muito medo do ferrão venenoso do escorpião. No entanto, ele argumentou:
– Não tenha medo, Dona Rã… se eu atacar você, ambos morreremos afogados. E eu não quero morrer.
E assim a convenceu.
O escorpião subiu nas costas da rã e enquanto ela nadava, ficou observando o movimento de seus músculos. Mais ou menos na metade da travessia o escorpião feriu-a com seu ferrão.
A rã começou a agonizar com as dores causadas pelo veneno e antes de morrer disse ao seu assassino:
– Por que fez isso, seu louco cruel? Agora nós dois vamos morrer!
E eis que o escorpião lhe respondeu:
*– Desculpe-me, não pude evitar… é a minha natureza***.**
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