Você já se perguntou por que parece repetir certos padrões em seus relacionamentos, mesmo quando sabe que eles não são saudáveis? Ou por que atrai sempre o mesmo tipo de pessoa, mesmo quando tenta mudar? Essas repetições podem estar profundamente enraizadas nos esquemas iniciais desadaptativos — moldes internos formados na infância que moldam como vemos a nós mesmos, os outros e o mundo ao nosso redor.
Esses esquemas afetam não apenas nossos relacionamentos amorosos, mas também amizades, relações familiares e até a forma como interagimos no ambiente de trabalho. Neste post, vamos explorar como esses esquemas se formam, de que maneira eles impactam nossas escolhas e, mais importante, como podemos transformá-los para viver relações mais saudáveis e satisfatórias.
O que são esquemas iniciais desadaptativos?
Os esquemas iniciais desadaptativos são padrões emocionais e cognitivos que surgem na infância como resposta a experiências negativas, sejam elas traumas, negligência ou frustrações constantes de necessidades básicas. Eles são, essencialmente, uma tentativa do cérebro de organizar e lidar com o mundo à nossa volta, mas que, na vida adulta, acabam gerando comportamentos autossabotadores.
Alguns exemplos comuns incluem
Abandono/instabilidade: A crença de que as pessoas importantes em sua vida vão abandoná-lo ou ser emocionalmente indisponíveis.
Privação emocional: A sensação de que suas necessidades emocionais nunca serão atendidas, como afeto, apoio ou empatia.
Desconfiança/abuso: A expectativa de que as pessoas irão machucar, enganar ou explorar você.
Defectividade/vergonha: A crença de que você é imperfeito ou indigno de amor. Cada esquema se manifesta de maneiras diferentes e influencia tanto o que sentimos quanto como agimos diante das pessoas e situações.
Como os esquemas afetam nossas escolhas?
Imagine que os esquemas funcionam como óculos invisíveis que filtram tudo o que enxergamos no mundo. Esses “óculos” nos fazem interpretar situações de forma enviesada, muitas vezes sem perceber.
Por exemplo, alguém com o esquema de abandono pode se sentir atraído por pessoas emocionalmente indisponíveis, repetindo relacionamentos onde o medo da rejeição é constante. Mesmo que essa escolha cause sofrimento, o padrão parece familiar, quase confortável. É o que os psicólogos chamam de “química esquemática” — uma atração inconsciente por situações que reforçam os esquemas antigos.
Já uma pessoa com o esquema de privação emocional pode evitar parceiros que demonstram afeto, por acreditar que não merece ou que essa demonstração não é genuína. Isso cria um ciclo onde as necessidades emocionais continuam não sendo atendidas, reforçando o esquema.
Como identificar seus esquemas
Reconhecer seus esquemas é um passo essencial para quebrar ciclos prejudiciais. Para isso, reflita sobre padrões em seus relacionamentos passados e pergunte-se:
- Quais tipos de pessoas você costuma atrair?
- Existe um padrão de comportamentos ou sentimentos que se repete?
- Como você reage diante de desafios emocionais em suas relações?
Exemplo:
- Se você sente que sempre precisa se esforçar demais para ser amado, pode estar lidando com o esquema de defectividade/vergonha.
- Se evita se abrir emocionalmente por medo de ser magoado, o esquema de desconfiança/abuso pode estar presente.
Construindo Relações Mais Saudáveis
A boa notícia é que esquemas não são permanentes. Eles podem ser transformados, principalmente quando reconhecemos como eles afetam nossas escolhas. Passos para a transformação:
Reconheça o esquema
O primeiro passo é identificar os padrões que você segue. Isso pode ser feito por meio de terapia, reflexões pessoais ou até questionários especializados em esquemas iniciais desadaptativo.
Rompa o ciclo
Ao perceber o padrão, tente fazer escolhas diferentes. Por exemplo, se você tem o esquema de abandono, busque se conectar com pessoas que demonstrem estabilidade emocional e consistência.
Trabalhe em suas crenças internas
Pratique a autorreflexão para questionar as crenças que sustentam seus esquemas. Pergunte-se: “Isso é realmente verdade?” ou “Essa situação é diferente do que eu vivi no passado?”
Busque ajuda profissional
A terapia do esquema é uma abordagem eficaz para lidar com esses padrões.
Cultive a autocompaixão
Reconheça que seus esquemas são uma forma de autoproteção que você desenvolveu em algum momento da vida. Tratar-se com gentileza é essencial para superar padrões.
Transformando seus relacionamentos
Ao trabalhar seus esquemas, você abre espaço para relações mais saudáveis e autênticas. Isso significa:
- Estar com pessoas que valorizam e respeitam suas necessidades emocionais.
- Construir relações baseadas em confiança mútua, ao invés de medo ou insegurança.
- Aprender a reconhecer comportamentos disfuncionais nos outros e em si mesmo, evitando repeti-los.
Conclusão
Os esquemas iniciais desadaptativos podem parecer uma prisão, mas eles também são uma oportunidade de crescimento. Ao identificá-los e trabalhar para superá-los, você pode transformar sua vida e seus relacionamentos. O processo pode ser desafiador, mas é também libertador e cheio de descobertas.
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