Na atualidade, existem muitas pesquisas sobre as drogas, como elas agem no corpo, como elas modificam as estruturas cerebrais, como elas viciam, etc. Mas algumas pesquisas levam em conta o usuário, o qual é um dos mais prejudicados na situação, se não for o maior prejudicado (lembrando que familiares sempre sofrem juntos).
Uma parte muito importante a ser discutida está relacionada com as alterações sociais causadas pelas drogas e quando o uso recreativo passa a ser uma dependência.
O uso recreativo é aquele uso esporádico, muito raro, o uso “de vez em quando” e, embora o uso possa ser menos frequente, não é livre de problemas. Já o uso abusivo ou nocivo das substâncias é o uso que gera algumas perdas, como, por exemplo, bater o carro, criar muitas brigas após a utilização, entre outras situações nocivas ao sujeito.
Já a dependência química é um estágio no qual o sujeito não consegue mais deixar de usar determinada droga, ele a utiliza sempre ou muitas vezes para evitar os sintomas de abstinência.
Contudo, é muito comum deixar de citar as consequências sociais do uso recreativo, o qual em muitos casos é utilizado como uma solução de algum problema pontual, como se fosse uma “automedicação”, por exemplo: “eu não conseguia dormir, então comecei a usar, de vez em quando, para dormir” ou a pessoa que não consegue se integrar bem aos grupos sociais e se utiliza da droga como uma forma de solução.
Um dos grandes problemas é que as drogas em muitos casos enganam o sujeito que veem algum tipo de solução no uso dela, o que as tornam muito perigosas, já que estão resolvendo ilusoriamente o problema.
Não adianta vir com a velha história de que maconha não vicia, ou de que álcool não faz mal, uma vez que eles viciam e fazem mal com toda certeza. Nem sempre o vício é somente químico, ele pode e é, em muitos casos, um vício social.
Vamos pensar que a maconha, hoje, é utilizada em muitos círculos sociais, em que muitos usuários começaram a utilizar para participar e ter a aceitação de um grupo, assim como outros começaram a utilizar apenas para serem reconhecidos como “foras da lei”, entre outros motivos que fazem os usuários começarem a utilizar.
O mais importante nos casos citados é visualizar que, a partir do momento que a droga lhe proporciona efeitos sociais, como as amizades, ela começa a se tornar um forte reforçador para manter essa situação constante, ou seja, a droga começa a ser utilizada como mantenedora do círculo de amizades, diversões, etc.
Esta dinâmica contempla as alterações causadas pelas drogas e, em diversos casos, aprisionam o usuário recreativo a utilizar-se mais e mais para conseguirem se “curar” socialmente de algum problema, mas na realidade estão criando outro.
As drogas na sociedade não são algo novo e não serão extintas, sendo assim, entender melhor as dinâmicas inicias, assim como as dependências químicas e sociais, pode ser uma melhor forma de prevenção para que não se desenvolvam mais dependências químicas.
Na atualidade a negação de vícios é muito forte, ouve-se com muita frequência as frases “isso não vicia”, o que pode ser o inicio de uma dependência, afinal, é importante lembrar: todo vício começou com um uso eventual.
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