Em nossa cultura, costuma-se falar em “cair de amor” como se amar fosse um acontecimento involuntário. No entanto, muitos filósofos, psicólogos e terapeutas defendem a ideia de amor como opção – ou seja, que amar é também um ato de vontade consciente e uma escolha diária. Essa visão não nega a importância dos sentimentos, mas sugere que manter o amor ao longo do tempo exige decisões intencionais e atitudes práticas. Neste artigo, exploraremos o conceito de amor como escolha sob diferentes abordagens, desde bases filosófico-psicológicas até evidências da neurociência, passando por impactos em relações duradouras, aplicações na terapia cognitivo-comportamental e exemplos práticos de como cultivar ativamente o amor.
Base filosófica e psicológica do amor como escolha
Diversas correntes de pensamento argumentam que o amor verdadeiro vai além de um impulso involuntário – ele envolve consciência, decisão e ação. Erich Fromm, filósofo e psicólogo humanista, afirmava que amar é uma arte que requer esforço e intenção. Para Fromm, “o amor é uma decisão… um julgamento, um compromisso” – não apenas um sentimento passageiro. Ele ressalta que se o amor fosse apenas um sentimento, não haveria base para prometer amar alguém “para sempre”, já que sentimentos vêm e vão; amar de forma duradoura envolve querer amar e escolher continuar amando mesmo quando as emoções flutuam. De modo similar, o psiquiatra M. Scott Peck enfatizou que “amor não é um simples sentimento; é uma ação”, implicando esforço ativo e dedicação ao bem-estar do outro. Essas visões sublinham uma ideia comum: amar inclui um componente de vontade e atitude, não se restringe à paixão espontânea.
Na psicologia do amor, essa perspectiva também aparece em teorias formais. O psicólogo Robert Sternberg, por exemplo, incluiu a decisão/compromisso como um dos três elementos centrais de sua Teoria Triangular do Amor. Segundo Sternberg, no curto prazo há a decisão de amar alguém e, no longo prazo, o compromisso de manter esse amor – um componente cognitivo, ligado à vontade consciente de continuar na relação. Em outras palavras, além da intimidade emocional e da paixão, o amor maduro envolve optar ativamente por sustentar a conexão. Essa base psicológica corrobora a noção de que o amor pode ser encarado como um ato deliberado, em que os parceiros cultivam o afeto através de escolhas cotidianas alinhadas a esse compromisso.
Neurociência do Amor: Sentimento e Escolha no Cérebro
Do ponto de vista neurocientífico, o amor romântico ativa sistemas cerebrais poderosos – mas a forma como o cérebro mantém o amor ao longo do tempo sugere que nossas ações e escolhas também influenciam esses mecanismos. Estudos com neuroimagem (fMRI) revelam que a paixão inicial envolve fortemente o circuito de recompensa do cérebro. Por exemplo, ver a foto da pessoa amada acende áreas ricas em dopamina (neurotransmissor do prazer e motivação), como o núcleo caudado e a área tegmentar ventral, produzindo euforia e foco intenso típicos do “amor apaixonado” . Com o passar do tempo, outras substâncias ganham protagonismo: oxitocina e vasopressina, hormônios liberados pelo contato físico e intimidade, promovem apego e vínculo de longo prazo. A oxitocina – muitas vezes chamada de “hormônio do amor” – gera sensações de calma, segurança e conexão, fortalecendo a confiança mútua. Já a vasopressina tem sido associada à formação de laços monogâmicos duradouros. Esse equilíbrio neuroquímico explica por que a fase de paixão intensa tende a se transformar em um amor mais sereno e companheiro: a excitação exuberante diminui, mas é substituída por uma ligação mais profunda e estável.
Importante, pesquisas indicam que o cérebro pode manter a chama do amor acesa por décadas, especialmente quando o casal adota comportamentos que nutrem a relação. Um estudo da Stony Brook University em colaboração com Helen Fisher examinou o cérebro de pessoas casadas há em média 20 anos e encontrou atividade tão intensa nas áreas de recompensa quanto em casais recém-apaixonados. Em outras palavras, alguns casais de longa data ainda apresentam aquela ativação dopaminérgica típica do começo do romance, mostrando que o entusiasmo romântico pode persistir ao longo do tempo. Segundo os autores, isso sugere que o valor recompensador do parceiro foi sustentado – possivelmente graças a esforços conscientes para manter a novidade e a conexão. De fato, os neurocientistas observaram que regiões do estriado dorsal (ligadas a comportamentos orientados a objetivos) se ativam quando parceiros engajam em ações para manter e fortalecer o relacionamento. Ou seja, escolhas comportamentais positivas parecem estimular circuitos cerebrais que reforçam o vínculo amoroso.
Além disso, a neurociência sugere maneiras concretas de reacender sentimentos amorosos adormecidos por meio de opções deliberadas. Pesquisas clínicas e de terapia de casais apontam que casais podem “retreinar” o cérebro do amor. A psiquiatra Jacqueline Olds, por exemplo, descreve o fenômeno da “ferrugem” em casamentos longos – os parceiros saem do hábito de demonstrar paixão por causa de trabalho, filhos ou estresse – mas enfatiza que é possível reacender a chama intencionalmente. Ela observa que retomar a intimidade física e emocional pode reativar os mesmos circuitos de recompensa do início: “A atividade sexual, por exemplo, eleva os níveis de oxitocina e reativa o circuito de recompensa do cérebro, fazendo com que os casais voltem a desejar-se mais” . Escolhas simples, como aumentar o contato pele a pele, abraçar, beijar e ter momentos de carinho, liberam oxitocina e dopamina, fortalecendo a sensação de apego e prazer com o parceiro . Assim, a ciência do cérebro apoia a ideia de que amar também está sob nossa influência: ao adotarmos comportamentos amorosos deliberados, modulamos nossos próprios sistemas neurais para sustentar e renovar o amor.
Amor como escolha em relacionamentos de longo prazo
Em relacionamentos duradouros – como casamentos de muitos anos – a concepção de amor como escolha mostra-se especialmente relevante. No início, a paixão pode parecer automática, mas a continuidade do amor depende de um engajamento ativo de ambos os parceiros. Terapeutas de casal frequentemente ouvem frases como “nosso amor simplesmente acabou”, ao que alguns respondem: o amor “acaba” quando paramos de cultivá-lo. De acordo com o terapeuta matrimonial Seth Adam Smith, ninguém cai para fora do amor por acaso; em vez disso, as pessoas em geral escolhem parar de amar quando deixam de fazer as pequenas coisas que nutrem a relação. Ele observa que casais que alegam ter “perdido o amor” tipicamente interromperam práticas antes comuns – deixaram de demonstrar carinho, de se dedicar um ao outro e de planejar um futuro em conjunto. Por outro lado, quando ambos decidem investir na relação, com trabalho árduo, dedicação, sacrifício e comunicação constante, problemas antes aparentemente insuperáveis podem ser vencidos. Ou seja, o amor permanece vivo quando é nutrido ativamente. Essa dedicação inclui atos como perdoar após conflitos e buscar melhorias individuais para o bem do casal, em vez de culpabilizar o outro.
Pesquisas em psicologia social dão suporte empírico a essas observações clínicas. Estudos sobre “crenças implícitas” nos relacionamentos identificam dois tipos de mentalidade: a crença no destino (achar que o sucesso do casal depende de achar a pessoa “certa” e que, se o amor é verdadeiro, tudo fluirá naturalmente) versus a crença no crescimento (acreditar que relações dão certo através de aprendizado, adaptação e esforço mútuo) . Os resultados mostram que casais com visão de crescimento – isto é, que encaram o amor como algo que pode melhorar com empenho – tendem a manter maior satisfação ao longo do tempo . Já aqueles com forte crença no destino frequentemente começam mais satisfeitos, mas veem essa satisfação declinar mais acentuadamente com os anos . Em outras palavras, encarar o amor como escolha e trabalho contínuo protege a relação, enquanto pensar que “está tudo escrito” pode levar à estagnação. Esse achado reforça a importância de escolher amar ativamente: casais que diariamente reafirmam seu compromisso e se adaptam aos desafios preservam melhor a conexão emocional do que os que esperam que o amor se mantenha sozinho.
Outro fator-chave nos relacionamentos de longo prazo é como os parceiros lidam com as adversidades e mudanças. Ver o amor como uma opção consciente implica decidir ficar e trabalhar a relação mesmo em fases difíceis. Pesquisadores Caryl Rusbult e colegas, em sua teoria do Investimento e Compromisso, falam em “lealdade ativa”: diante de insatisfações, optar por construir em vez de desistir. Essa escolha manifesta-se em atitudes como buscar soluções conjuntas, lembrar das qualidades do parceiro e resistir à tentação de alternativas externas quando problemas surgem. Assim, casamentos bem-sucedidos geralmente não são aqueles isentos de conflitos, mas sim aqueles em que ambos adotam uma postura intencional de manutenção do vínculo, renovando o amor através de pequenas escolhas cotidianas – como paciência, empatia, respeito e demonstrações de carinho mesmo nos momentos em que a “paixão” não é automática.
Terapia Cognitivo-Comportamental e o amor como escolha
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) aplicada a casais oferece ferramentas práticas para reenquadrar o amor como uma escolha diária. Essa abordagem terapêutica parte do princípio de que nossos pensamentos influenciam sentimentos e comportamentos – inclusive no contexto amoroso. Em relacionamentos em crise, é comum surgirem padrões de pensamento automático negativos (“Ele(a) não liga mais para mim”; “Não adianta tentar, nosso caso não tem solução”). A TCC ajuda o casal a identificar e questionar essas cognições desadaptativas, substituindo-as por perspectivas mais construtivas. Por exemplo, ao invés de pensar “nosso amor acabou, então não há por que me esforçar”, a TCC incentiva crenças alternativas como “podemos reconstruir nossa conexão se ambos nos dedicarmos”. O terapeuta guia os parceiros a desafiar interpretações errôneas (ex.: supor rejeição ou desamor onde pode haver estresse externo) e a adotar pensamentos intencionais que favoreçam o vínculo – por exemplo, relembrar que ambos têm qualidades e um histórico em comum que vale a pena valorizar e proteger.
No nível comportamental, a TCC com casais trabalha para romper ciclos negativos de interação e implementar hábitos positivos deliberados. Muitos conflitos conjugais se retroalimentam: um parceiro se fecha ou critica, o outro responde com hostilidade ou distanciamento, e assim por diante. A intervenção cognitivo-comportamental ensina o casal a reconhecer esses gatilhos e padrões – muitas vezes, cada lado passa a “contabilizar” apenas o comportamento negativo do outro, reforçando a crença de falta de amor . Com a ajuda terapêutica, eles aprendem a refutar essas narrativas destrutivas e a substituir ações reativas por respostas intencionais mais saudáveis. Isso pode incluir exercícios de comunicação (como escuta ativa e uso de palavras gentis), treinamento em resolução de conflitos (por exemplo, evitar acusações gerais e focar em soluções específicas) e tarefas para retomar a convivência positiva (como planejar atividades agradáveis juntos semanalmente). Ao praticar esses novos comportamentos, o casal experimenta melhorias reais – pequenas mudanças, como elogiar sinceramente o parceiro ou realizar um ato de bondade diária, quebram o ciclo de negatividade e geram sentimentos mais positivos. Esses resultados práticos reforçam cognitivamente a ideia de que é possível escolher agir com amor, criando um efeito benéfico em cascata: pensamentos mais otimistas levam a ações mais carinhosas, que por sua vez produzem experiências emocionais melhores, fortalecendo o relacionamento.
Em resumo, a TCC auxilia os casais a encarar o amor como uma série de escolhas contínuas: escolher interpretar as atitudes do parceiro com boa vontade, escolher comunicar necessidades em vez de se ressentir em silêncio, escolher dedicar tempo e esforço à relação mesmo quando a vida está atribulada. Essa abordagem intencional pode reavivar relacionamentos desgastados, “ensinado” os parceiros a amar de forma ativa novamente. Estudos mostram que intervenções cognitivo-comportamentais bem-sucedidas aumentam a intimidade emocional e o compromisso do casal, justamente por mudar a visão de amor de algo passivo para algo que eles constroem juntos, dia após dia.
Exemplos práticos e estratégias para exercitar o amor como escolha
Colocar em prática a ideia de amar ativamente requer incorporar certos hábitos e exercícios no dia a dia do relacionamento. Abaixo, listo algumas estratégias concretas, embasadas em psicologia, que ajudam os casais a manter o afeto e a conexão através de escolhas deliberadas:
- Expressar gratidão regularmente: Agradecer e apreciar as pequenas coisas que seu parceiro faz fortalece os laços. Estudos mostram que casais que demonstram gratidão diariamente desenvolvem relacionamentos mais resilientes e satisfatórios. Tente verbalizar pelo menos um agradecimento ou elogio sincero ao seu cônjuge todos os dias – esse reconhecimento mútuo alimenta sentimentos positivos em ambos.
- Praticar as “linguagens do amor”: Cada pessoa tem formas preferidas de receber amor (palavras de afirmação, atos de serviço, tempo de qualidade, toque físico ou presentes significativos). Esforce-se para expressar amor de maneira alinhada ao que seu parceiro valoriza. Por exemplo, se a “linguagem” principal dele(a) for palavras de carinho, envie mensagens afetuosas ou faça elogios específicos; se for tempo de qualidade, reserve um momento sem distrações para conversarem. Quando sentimos que nosso parceiro atende nossas necessidades emocionais, a satisfação cresce – pesquisas indicam que indivíduos que se sentem amados na sua linguagem relatam maior contentamento na relação.
- Manter a intimidade física e emocional: Gestos físicos de afeto (abraçar, beijar, fazer cafuné) e proximidade emocional (conversas honestas sobre o dia, sentimentos e sonhos) não devem ficar restritos ao começo do namoro. Pelo contrário, mantê-los ao longo dos anos é uma escolha fundamental para conservar a conexão. O contato físico frequente libera oxitocina, aumentando a confiança e o apego. Inclusive, retomar uma vida sexual ativa ou simplesmente acrescentar mais toques carinhosos na rotina pode reacender o desejo e a paixão adormecida. Escolha segurar a mão do seu parceiro, fazer um carinho espontâneo ou dizer “eu te amo” em meio à correria – esses pequenos atos sustentam a chama do vínculo.
- Dedicar tempo de qualidade e novidades ao relacionamento: Mesmo com agendas lotadas, é importante escolher dedicar tempo exclusivo ao casal. Estabeleça “rituais” semanais, como um encontro a sós (um jantar, uma caminhada ou filme juntos, sem distrações) para reforçar a conexão. Além disso, busque ocasionalmente realizar atividades novas ou estimulantes em dupla – por exemplo, fazer uma viagem de fim de semana para um lugar diferente, aprender um hobby juntos ou simplesmente sair da rotina com um passeio inesperado. Pesquisas em psicologia indicam que casais que compartilham experiências novas e desafiadoras sentem um aumento na satisfação e proximidade, pois recriam a empolgação de quando se conheceram (o que reativa aqueles circuitos cerebrais de recompensa) . Portanto, faça do seu parceiro também seu companheiro de aventuras: isso reafirma diariamente a escolha de incluí-lo em sua vida de forma ativa.
- Comunicar-se de forma positiva e empática: Uma comunicação saudável é fruto de escolhas conscientes no cotidiano. Procure ouvir ativamente quando seu parceiro desabafa, sem interrupções ou julgamentos. Responda com empatia e respeito, mesmo em discussões – por exemplo, em vez de reagir no calor do momento, escolha fazer uma pausa e retomar o assunto com calma. Também é útil praticar a regra de ouro da comunicação positiva: para cada crítica ou ponto negativo que precisar levantar, tente equilibrar com várias palavras carinhosas ou elogios (pesquisadores sugerem que casais felizes têm uma proporção de cinco interações positivas para cada interação negativa). Essa atitude intencional de focar no que o outro tem de bom e expressar isso verbalmente ajuda a manter um clima afetivo positivo. Dizer “obrigado”, “você significa muito para mim” ou “admiro o jeito que você…” são escolhas simples de linguagem que reforçam o amor como uma decisão presente no diálogo diário.
- Exercícios cognitivos de apreciação e reminiscência: Psicólogos recomendam algumas práticas para treinar a mente a enxergar o parceiro de forma amorosa contínua. Um exemplo é o exercício de apreciação diária: todas as noites, cada um menciona três qualidades ou ações do parceiro pelas quais foi grato naquele dia. Outra dica é revisitar memórias positivas – folhear juntos fotos antigas, relembrar a primeira viagem ou conquistas partilhadas. Isso renova o sentimento de conexão e traz à tona a razão pela qual vocês escolheram um ao outro. Tais exercícios funcionam como um lembrete mental: o amor está vivo porque decidimos mantê-lo vivo, reconhecendo o valor do outro em nossa história.
Adotar essas estratégias requer consistência, mas os benefícios compensam. Cada hábito cultivado é uma forma de “regar” a relação, evitando que o amor murche por descuido. Vale ressaltar que nenhum casal conseguirá fazer tudo perfeitamente o tempo todo – amar como escolha não significa nunca falhar, e sim retornar à decisão de amar mesmo após deslizes. O importante é que ambos estejam dispostos a praticar essas ações de forma genuína.
Conclusão
Conceber o amor como uma escolha não diminui a magia dos sentimentos – pelo contrário, essa visão enriquece o entendimento do amor, combinando emoção com compromisso. Paixão e carinho espontâneos são maravilhosos, mas saber que podemos decidir alimentar o amor traz um poder e uma responsabilidade que fortalecem os laços. Filosoficamente e psicologicamente, entendemos que amar envolve vontade e atitude ativa; biologicamente, vemos que o cérebro responde às nossas práticas, sustentando (ou enfraquecendo) o amor conforme nossas escolhas; e na vivência diária dos relacionamentos, percebemos que casais que “escolhem amar” – através de gestos, palavras, perseverança e cuidado – constroem vínculos mais profundos e resilientes.
Em última análise, amar como opção significa que o amor é renovado a cada dia. Não estamos à mercê exclusiva do acaso ou dos impulsos: há sempre algo que podemos fazer pelo bem da relação, seja um beijo de bom dia ou o perdão em uma briga. Esse entendimento empodera os parceiros a não só sentir amor, mas também agir com amor. Quando ambos tomam para si a decisão contínua de amar, o relacionamento se torna um espaço ativo de crescimento e cumplicidade. Assim, o “felizes para sempre” deixa de ser um destino pronto e passa a ser uma obra conjunta – construída com pequenas escolhas diárias que mantêm acesa a chama do amor.
Gostou do conteúdo?
Caso precise de ajuda, experimente conversar com um psicólogo. Agende uma consulta com nossa equipe. A triagem é gratuita e sem compromisso.